Ao aprofundar os estudos sobre auditoria, você deve ter constatado que alguns procedimentos são indispensáveis, dentre os quais podem ser citadas as investigações baseadas em análises, bem como as conferências e os cálculos, realizados por meio dos testes de auditoria. As normas de auditoria recomendam os chamados Testes de Observância e os Testes Substantivos. Na execução da auditoria, o auditor irá elaborar e manusear documentos que fundamentem a emissão de sua opinião, os quais são denominados papéis de trabalho, que junto com os testes de auditoria permitem ao auditor obter subsídios suficientes para fundamentar suas conclusões sobre a entidade auditada.
Testes em Auditoria
Durante a realização da auditoria, o auditor precisará obter evidências que justifiquem a sua opinião. Dessa forma, serão aplicadas técnicas diferenciadas que incluem no planejamento a aplicação de testes de observância e de testes substantivos, considerados como os testes de auditoria. Esses se apresentavam caracterizados na antiga NBC T 11, cujas definições serão apresentadas adiante.
Os testes de observância estão relacionados às práticas de gestão e aplicação de normas institucionais. Dessa forma, eles tendem a verificar se os procedimentos de controle interno estabelecidos pela alta gestão estão em efetivo funcionamento e cumprimento.
Quanto aos testes substantivos, eles estão mais caracterizados pela conferência das transações realizadas pela entidade auditada, portanto, eles tendem a verificar a exatidão e a validade dos dados produzidos pelo sistema contábil da entidade a partir das suas operações. Assim, segundo a NBC T 11, eles podem ser classificados como:
Testes de transações e saldos.
Procedimentos de revisão analítica.
Com as alterações introduzidas pelas normas de contabilidade, identificamos termos significativos e correlatos com as técnicas de auditoria. Por exemplo, a NBC TA 330, regulamentada pela Resolução nº 1.214/09, trata os testes substantivos como procedimentos substantivos, definindo da seguinte forma:
Saiba Mais
Os termos aparecem repetidos na norma, pois a mudança na lei foi apenas de alguns termos. Daí a aparente repetição.
Procedimento substantivo é o procedimento de auditoria planejado para detectar distorções relevantes no nível de afirmações.
Os procedimentos substantivos incluem:
Testes de detalhes (de classes de transações, de saldos de contas e de divulgações).
Quanto ao teste de observância (teste de controle) – ou ao teste de aderência –, a NBC TA explica que ele consiste em verificar se o controle interno funciona corretamente. Seu objetivo é proporcionar razoável segurança de que os procedimentos de controle interno estão sendo executados na forma determinada pela organização. Vejamos alguns exemplos de testes de observância e de testes substantivos.
Importante
De acordo com a NBC TA 330, “Teste de controle é o procedimento de auditoria planejado para avaliar a efetividade operacional dos controles na prevenção ou detecção e correção de distorções relevantes no nível de afirmações”.
Testes de Observância
Testes Substantivos
Conferência de assinaturas em cheques.
Entrevista de funcionários acerca das normas da empresa.
Verificação da aplicação de normas de qualidade.
Etc.
Confirmação da existência do componente patrimonial.
Conferência de saldos e de lançamentos em contas.
Verificação se todas as transações estão registradas.
Etc.
Então, podemos concluir que os testes de auditoria constituem o processo pelo qual o auditor reúne elementos comprobatórios para a sua investigação e obtenção de resultados.
Assim, podemos perceber que o trabalho de auditoria é bastante complexo! Então, como o auditor poderá desenvolver suas tarefas e ainda emitir uma opinião confiável? As normas de auditoria também tratam desse assunto, e recomendam que seja utilizada a técnica de amostragem ao selecionar elementos para análise ou determinar a extensão de um teste de auditoria.
Por sua vez, as informações que fundamentam os resultados da auditoria são denominadas evidências, e devem ser suficientes, fidedignas, relevantes e úteis, no intuito de oferecer fundamentações confiáveis para as conclusões e as recomendações aos responsáveis pela entidade auditada.Vejamos as principais evidências a serem aplicadas e apresentadas pelo auditor:
Dica
Amostragem de auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria sobre uma parte da totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta ou classe de transações, permitindo que o auditor avalie a evidência de auditoria dos itens selecionados, com o objetivo de formar uma opinião sobre a população analisada. Para entender mais sobre Amostragem em auditoria, consulte a Resolução CFC nº 1.222/09, disponível em: cfc.org/.
Tipo de Evidência
No que consiste
Analíticas
Comparações com base em situações anteriores, como: orçamentos, dados e conhecimento do auditado.
Documentárias
Verificação de documentos disponibilizados pela empresa auditada, que podem ser confrontados durante a auditoria.
Eletrônica
Informação produzida ou mantida em meio eletrônico, como os sistemas operacionais da entidade.
Confirmação
Evidência documentária feita por meio de cartas ou correspondências a terceiros.
Matemática
Conferência de valores apresentados nos demonstrativos contábeis.
Física
Evidência obtida por meio de levantamento físico de dados.
Representação por escrito
Declarações que abordam afirmações da administração.
Verbal
Perguntas direcionadas ao pessoal envolvido com a entidade auditada.
É importante salientar que independente dos riscos ou das evidências identificadas acerca de distorção relevante, o auditor deve planejar e executar procedimentos substantivos para cada classe de transações selecionadas.
Consulte a NBC TA 330, disciplinada pela Resolução CFC nº 1.214/2009, e saiba mais sobre os testes em auditoria ou procedimentos substantivos. A resolução destaca as respostas do Auditor aos riscos avaliados. Disponível em: cfc.org.br/.
Boa Leitura!
3.2 Papeis de Trabalho em auditoria
Ao desenvolvermos algumas tarefas, normalmente sentimos a necessidade de comprovar algumas etapas da realização ou registrar informações e elementos que subsidiem os resultados apresentados. Os registros podem ser evidenciados por meio de anotações em planilhas, formulários e documentos comprobatórios. Em auditoria, esses procedimentos referem-se aos papéis de trabalho.
Os papéis de trabalho são os documentos (fichas, folhas, notas, etc.) nos quais o auditor registra os resultados das verificações que efetuou, assim como as conclusões a que chegou no exame das várias áreas abrangidas pela auditoria e que servem de base para a elaboração de relatórios e pareceres. Vale salientar que, em alguns casos, a equipe de auditoria utiliza papéis de trabalho padronizados no intuito de facilitar e roteirizar os procedimentos aplicados na execução da auditoria. Assim, os papéis de trabalho destinam-se a:
Orientar os trabalhos das próximas auditorias, pela análise dos documentos de auditorias anteriores.
Apresentar informações que facilitem a revisão do trabalho de auditoria.
Baseado nas evidências registradas, servir de base para fundamentar o parecer do auditor.
Os papéis de trabalho poderão ter aspectos e estruturas diferenciadas, dependendo do tipo e da extensão da documentação de auditoria. Portanto, alguns fatores precisam ser analisados, como:
Perfil da entidade auditada.
Critérios e natureza de auditoria a serem executados.
Risco e distorção relevante e identificados no planejamento.
Nível de relevância da evidência de auditoria obtida.
Técnicas e métodos a serem aplicados na auditoria.
Considerando a necessidade de confirmação dos exames realizados, o auditor pode incluir resumos ou cópias de registros da entidade como parte da documentação de auditoria, por meio de registros manuais, em papel ou em meios eletrônicos.
Saiba Mais
A NBC TA 230 apresenta alguns exemplos de documentação de auditoria:
Programas de auditoria.
Análises.
Memorandos de assuntos do trabalho.
Resumos de assuntos significativos.
Cartas de confirmação e representação.
Listas de verificação.
Correspondências (inclusive, correio eletrônico) referentes a assuntos significativos.
A Resolução CFC nº 1.206/2009 explica que a documentação de auditoria fornece evidências de que a auditoria está em conformidade com as suas normas. Contudo, não é necessário, nem praticável, para o auditor documentar todos os assuntos considerados ou todos os julgamentos profissionais exercidos na auditoria.
Tipos de Pastas de Papéis de Trabalho
Diante da diversidade dos papéis de trabalho utilizados na auditoria, e de como os mesmos servem como documentos que fundamentam a opinião do auditor, eles são organizados e arquivados de forma racional, sequenciada e ordenada. As práticas mais comuns de arquivamento de papéis de trabalho são: Pasta Permanente e Pasta Corrente.
Diferente da permanente, essa pasta relaciona papéis de trabalho a serem utilizados no momento em que o exame de auditoria está sendo realizado, ou seja, no exercício em curso.
Observe alguns tipos de papéis que devem compor as referidas pastas:
Pasta Permanente
Pasta Corrente
Regimento interno da unidade auditada.
Legislação específica sobre tributos.
Manuais de procedimentos internos.
Cópias de contratos de longo prazo.
Cópias de processos que envolvam litígios.
Cópias de contrato de construção de longo prazo.
Organogramas, fluxogramas.
Questionários.
Memorandos.
Cópias de documentos.
Testes de conformidades; circularizações.
Papéis elaborados pelo auditor.
Etc.
Os documentos que compõem a Pasta Permanente não precisam ir para a pasta corrente, basta apenas referenciar a sua localização. Contudo, recomenda-se que a cada trabalho o conteúdo da pasta permanente seja revisado e dela sejam eliminados os papéis em desuso.
Porém, como elaborar os papéis de trabalho? O Manual de Auditoria do Sistema CFC/CRCs (2007, p.50) lista algumas técnicas básicas a serem observadas pelos auditores, por ocasião da elaboração dos papéis de trabalho de auditoria, segundo os critérios estabelecidos nas normas de auditoria.
Os papéis de trabalho devem, sempre que possível, ser escriturados, a fim de facilitar possíveis alterações durante a execução do serviço, em função das revisões feitas por outros auditores.
Na parte superior do papel de trabalho, devem ser colocados o nome do auditado, a data-base do exame e o título (caixa, bancos, etc.).
Não deve ser utilizado o verso da folha do papel de trabalho.
Os números e as informações devem ser colocados na parte superior do papel de trabalho, e as explicações sobre o trabalho executado, na parte inferior.
Os tiques ou símbolos são colocados ao lado do número auditado e explicados na parte inferior do papel de trabalho, evidenciando, dessa forma, o serviço executado.
O auditor deve evitar a utilização excessiva de tiques em uma mesma folha (o ideal é até oito símbolos), devido ao fato de que dificultam consultas e revisões dos papéis de trabalho. Caso seja necessário, o auditor poderá usar letras ou números dentro de círculos, em vez de símbolos.
O auditor também pode utilizar o sistema de notas para dar explicações necessárias nos papéis de trabalho.
Somente devem ser elaborados os papéis de trabalho que têm um fim útil.
As informações nos papéis de trabalho devem limitar-se a dados necessários.
Os comentários devem ser sucintos e com redação clara e compreensível.
A forma de apresentação e o conteúdo dos papéis devem ser elaborados de modo a permitir que uma pessoa que não participou do serviço de auditoria possa compreendê-lo de imediato.
Os papéis de trabalho devem indicar as conclusões alcançadas.
Tiques ou símbolos
Símbolos utilizados para referenciar a situação encontrada na auditoria.