Análise de desempenho – variações em relação a custos padrão
Aula 3
Orçamento contínuo, tendências e base zero
Nesta aula, você compreenderá como utilizar os seguintes orçamentos: contínuo, tendências e base zero.
No que se refere ao orçamento contínuo, vimos na aula anterior que, geralmente, ele é mais específico e contempla a projeção para um ano, podendo ser organizado em trimestres e/ou meses.
Nesse orçamento, temos a principal previsão chamada Rolling budget e Rolling forescast, onde o principal objetivo do primeiro é o início do orçamento, o ponto de partida. Uma das suas desvantagens é o tempo dispensado para sua confecção. Já o segundo altera o processo orçamentário tradicional, pois, à medida que o tempo passa ele faz ajustes periódicos no orçamento base, mas ainda assim os gestores permanecem comprometidos, pois as alterações deverão ser justificadas.
Segundo Padoveze (2012), esse conceito de orçamento é o mais utilizado pelas empresas, sendo os dados ocorridos no passado empregados em projeções de situações futuras, pois parte-se da premissa de que os eventos passados são decorrentes de estruturas organizacionais já em operação, havendo uma grande tendência de que esses eventos possam ocorrer novamente.
Saiba Mais
Alguns softwares de elaboração de orçamento já vêm com essa função e por meio dessa ferramenta ele busca os dados do passado para aplicar um critério de atualização.
Exemplo: se você quiser atualizar o orçamento em X% de taxa de inflação, ele o faz, mas assumimos o risco de ter variações ao longo do período.
Orçamento base zero – OBZ
Esse conceito de orçamento, também conhecido como Zero-Base Budgeting teve início em 1961 pelo governo dos Estados Unidos. Posteriormente passou a ser utilizado pelas empresas privadas e, até a década de 1970, foi muito utilizado pelas empresas para a elaboração de seus orçamentos.
Ele despreza a visão tradicional de orçamento, que leva em consideração dados passados para a construção dos cenários futuros, pois estes podem induzir a distorções e a ineficiências nas projeções. Nesse modelo, as previsões orçamentárias são elaboradas como se as operações da empresa estivessem começando, desprezando-se informações e dados passados. Assim, todos os anos os gerentes precisam justificar os seus gastos, em vez de justificarem somente os aumentos dos gastos em relação ao ano anterior.
A seguir, veja as tabelas, onde listamos as vantagens e desvantagens desse tipo de orçamento:
Vantagens
Os administradores continuam a avaliar detalhadamente suas atividades, sua eficiência e eficácia em custo.
Os administradores podem ser avaliados segundo os objetivos, o desempenho e os benefícios com os quais se comprometeram.
As atividades com problemas de execução são rapidamente identificadas e, desse modo, logo resolvidas.
Desvantagens
Necessidade de mais tempo para resolver o orçamento.
Aumento de volume de papel.
Análise das informações em curto prazo.
Necessidade de recursos humanos e materiais.
Dificuldade de começar todos os anos do zero.
Aplicabilidade limitada à área de apoio e serviços.
A possiblidade de os administradores serem atrapalhados pelo apoio no processo.
Possibilidade de decisões erradas serem tomadas devido ao fato de os objetivos não serem claros.
Categorias de planejamento e técnicas de orçamento
Quando tratamos de orçamento, devemos atender a três itens: o econômico, o financeiro e o capital. A seguir, conheça cada um deles.
O planejamento econômico obedece ao princípio fundamental da contabilidade, que é o princípio da competência. Seu foco está nas receitas, custos e despesas, considerando-se a data em que ocorreram.
Ao orçar, precisamos entender que o planejamento econômico necessita de uma meta e que, para isso, seguimos como ponto-chave o orçamento de vendas.
O planejamento econômico apresenta a base do orçamento, nele devemos apresentar todo o detalhamento, tais como fixar metas para a elaboração das demonstrações de resultado (receitas menos despesas); para isso, devemos atender a todos os tipos de orçamento que aprendemos até agora: orçamento de vendas; orçamento de produção; orçamento de matéria-prima, orçamento de mão de obra direta, orçamento de custos indiretos de fabricação, orçamento de despesas administrativas, comerciais e financeiras.
É marcado pelos suborçamentos, o orçamento convertido para regime de Caixa. São eles: orçamento de contas a pagar, contas a receber, aplicações, empréstimos e caixa.
Consiste nas estimativas de investimentos, principalmente do orçamento do imobilizado
Orçamento de capital
O orçamento de capital, também conhecido como orçamento de investimentos, é um tipo de orçamento que nos dá uma visão de investimentos. A partir dele podemos medir a expansão dos investimentos em uma data futura, observando as instalações, o imobilizado e o retorno do capital, assim como se podemos ou não substituir uma máquina ou tomar uma decisão de investimento.
O orçamento de capital é como um processo que abrange a quantidade de recursos que precisam ser empregados no planejamento. Esse orçamento é muito importante para que possamos prever a quantidade de capital que precisamos investir, como o projeto irá se pagar, em quanto tempo teremos de volta o nosso capital investido e com ele também decidiremos se compramos ou reformamos, ou até mesmo que optamos ou não por aquele projeto.
Quando iniciamos a confecção desse orçamento utilizamos o orçamento de base zero e estático, já que o orçamento de capital se concentra no planejamento e no controle.
O orçamento de capital é “alimentado” pelos resultados dos orçamentos projetados, observando sempre a quantidade de capital necessária para que possamos compreender quanto em valor devemos ter para que o planejamento se realize. Esse valor do investimento deverá ser projetado em tempo, em taxa e valor de retorno.
Além dos investimentos em instalações futuras e imobilizados, para Padoveze (2012), os investimentos em outras empresas também integram o orçamento de capital.
Os itens que compõem esse orçamento são:
Aquisição de investimentos em outras empresas.
Vendas de investimentos m outras empresas.
Aquisição de imobilizados.
Venda de imobilizados.
Gastos gerados de intangíveis.
Baixa de ativos intangíveis.
Depreciação, exaustão e amortização das novas aquisições e baixas.
Você sabe quais são os métodos de avaliação econômica de investimentos?
A seguir, conheceremos que métodos são esses e como utiliza-los.
Métodos de avaliação econômica de investimentos
Payback
É o prazo de retorno do investimento. Determina o tempo necessário para que o dispêndio de capital (valor do investimento) seja recuperado por meio dos das entradas líquidas de caixa (fluxos de caixa) promovidas pelo investimento. Neste caso, queremos saber em quanto tempo o valor do investimento retornará.
Imagine um investimento no valor de $ 30.000,00 a uma taxa de 5% em 4 anos, com entradas líquidas de caixa de $ 15.000,00.
No caso de entradas iguais, bastará dividir o valor do investimento por apenas uma das entradas de caixa:
payback = $ 30.000,00/$ 15.000,00 = 2 anos
Neste caso, o valor do investimento retornará em dois anos.
Quando as entradas líquidas de caixa são diferentes devemos aproximar esse valor até o tempo de retorno do investimento.
Imagine um investimento no valor de $ 30.000,00 a uma taxa de 5% em 4 anos, com entradas líquidas de caixa de:
Ano 1 - $ 15.000,00.
Ano 2 - $ 12.000,00.
Ano 3 - $ 10.000,00.
Ano 4 - $ 15.000,00.
Nesse caso, observe que no ano 1 e 2 temos o total de $ 27.000,00 e se inserirmos o fluxo de caixa do ano 3 o valor irá ultrapassar. Como nesse método desejamos saber o tempo exato em que recuperaremos o valor do capital investido, devemos entender que:
Em dois anos temos $ 27.000,00, mas o valor do investimento é de $ 30.000,00. Sendo assim, nos faltam $ 3.000,00 e este está no próximo período (ano 3).
Então, deveremos dividir o valor que falta pelo valor do próximo período. Logo: $ 3000,00/$ 10.000,00 = 0,3 ano.
A resposta seria 2,3 ano, ou 2 anos e 4 meses aproximadamente (0,3X12 meses).
A tomada de decisão ao utilizar o método Payback será baseada em:
Quanto menor o prazo, melhor o investimento.
Taxa Interna de Retorno (TIR ou IRR)
A TIR é a taxa de desconto que iguala o valor atual líquido dos fluxos de caixa de um projeto a zero. Em outras palavras, a taxa que faz com que o valor atual das entradas seja igual ao valor atual das saídas, ou seja, o valor do investimento.
Em análise de investimentos, a TIR deve ser comparada a TMA – taxa mínima de atratividade do investimento; assim, quando a TIR for maior do que a TMA, o investimento deve ser aceito.
Imagine um investimento no valor de $30.000,00 a uma taxa de 5% em 4 anos, com entradas líquidas de caixa de $ 15.000,00.
Para resolver este exemplo, podemos utilizar a fórmula: ou realizar o cálculo pela Hp 12 C.
Usando a HP 12 c:
Dados
Comando
30.000
gcf0
15.000
gcfj
4
Nj
34,9%
F IRR
A tomada de decisão ao utilizar o método TIR será baseada em:
Toda vez que a TIR for maior do que a taxa de desconto podemos aceitar o projeto.
Valor Presente Líquido (VPL ou NPV)
É a diferença entre os valores presentes das receitas futuras do fluxo de caixa e os valores presentes das saídas do fluxo de caixa, descontadas ao custo de capital da empresa ou à taxa de retorno exigida; a análise do resultado consiste em identificar se o valor presente líquido é positivo, negativo ou nulo.
O valor presente líquido mede a lucratividade do investimento em valor absoluto; assim, podemos observar que, após o desconto de cada entrada de caixa e após excluir o valor do investimento, teremos este resultado.
Imagine um investimento no valor de R$ 30.000,00 a uma taxa de 5% em 4 anos, com entradas líquidas de caixa de R$ 15.000,00.
Utilizaremos a seguinte fórmula:
Onde:
VPL = valor presente líquido.
F1 = fluxo de caixa.
I = taxa.
Fo= valor do investimento no ano 0.
n= número de períodos.
^= elevado (se conseguir fazer o elevar não precisa usar o símbolo).
Assim:
VPL = $23.189,26
Usando a HP 12 c:
Dados
Comando
30.000
gcf0
15.000
gcfj
4
Nj
5
i
fNj
VPL = $23.189,26
A tomada de decisão ao utilizar o método VPL ou NPV será baseada em:
Se o VPL for igual ou superior ao valor investido, ele deverá ter seu projeto aceito.
Se o VPL for menor do que o valor investido, esse projeto deverá ser rejeitado.
VPL > 0, o projeto é viável.
VPL = 0, o projeto é indiferente.
VPL < 0, o projeto é inviável.
Índice de lucratividade (IL)
O índice de lucratividade ou índice de valor presente indica quanto o projeto oferece de retorno para cada unidade monetária investida.
Índice de lucratividade = Índice de lucratividade = 1 + (VPL/Investimento inicial)
Exemplo: Utilizando os dados exemplo acima:
Índice de lucratividade = Índice de lucratividade = 1 + (VPL / Investimento inicial)
Índice de lucratividade = 23189,26/30000 = 1,77
Significa que para cada 1 real investido o investimento teve 1,77 de retorno.
Para calcular o valor presente na HP 12c:
➞ Digite o valor presente PV.
➞ Tecle CHS.
Nota: o CHS (abreviatura de change signal) muda o sinal para armazenar o valor de PV (present value) - dinheiro pago, conforme convenção.
➞ Tecle PV.
➞ Digite 0.
➞ Tecle PMT.
➞ Digite a taxa i ( em %; ex.: i = 12% , digite 12).
Todos os negócios requerem que tenhamos benefícios e para isso devemos medir, avaliar, analisar e buscar se realmente valem a pena. A utilização das ferramentas nos traz uma vantagem em análises e tomada de decisão. Você imaginou como poderá fazer qualquer investimento utilizando as ferramentas de orçamento de capital?
Atividade
O orçamento da capacidade operacional é que determina a quantidade de vendas e a produção. As empresas em geral aumentam sua produção gradativamente, e, por isso, devemos estar atentos à capacidade de produção que cada um terá. Além do orçamento de capacidade de produção, identifique outro setor que deverá ser acompanhado pelas empresas. Justifique sua resposta em relação ao impacto desse setor para os resultados da empresa.
Digite a sua resposta no espaço abaixo e, quando terminar, clique em Conferir.
PADOVEZE, Clóvis Luís; TARANTO, Fernando. Orçamento empresarial: novos conceitos e técnicas. São Paulo, Prentice Hall, 2009. p. 123.
Analise seu desempenho e procure o professor-tutor no FÓRUM DE DÚVIDAS FALE COM O TUTOR para comentar seus resultados.
Atividade
Etapas para preparação do plano orçamentário
O orçamento da capacidade operacional tem como objetivo quantificar a capacidade de cada equipamento e a capacidade de mão de obra, comparando-as com as necessidades de produção e venda. Esse orçamento é baseado em três grandes áreas, uma delas é: