Princípios para a tomada de decisões

Tema 1 Análise dos problemas organizacionais

De onde vem a necessidade de se tomar uma decisão?

Toda pessoa já se deparou com problemas, pessoais ou profissionais, em relação aos quais teve de tomar uma decisão. Entretanto em algumas situações que requerem tomadas de decisão podemos não nos sentir seguros e preparados para, enfim, tomar a decisão. Isso ocorre porque muitas pessoas não se preocupam em estruturar o processo decisório como deveriam. No ambiente corporativo, isso pode acontecer quando as pessoas responsáveis pelas principais decisões no negócio contam somente com seus conhecimentos técnicos sobre o que cerca o problema ou a situação a ser definida.

O profissional deve entender o contexto geral, desde os conhecimentos técnicos até o comportamento dos envolvidos na decisão.

Por exemplo, se um gerente determina que um integrante da equipe irá desenvolver a atividade de fiscal de loja, é preciso saber se aquele profissional possui, além dos conhecimentos técnicos para a função, o perfil comportamental para uma boa performance no cargo.

Dessa forma, a decisão tende a ser assertiva. O que se pode pensar sobre isso é que, para decisões sensatas que resultem no atingimento do objetivo, a pessoa/profissional deve se preparar para tal, e os estudos sobre os processos decisórios podem contribuir muito para soluções dos problemas organizacionais.

Na maioria dos casos no cotidiano empresarial, as decisões são requisitadas como forma solucionadora, que na linguagem coloquial chamamos de “resolver problemas”. Todavia tão importante quanto processos decisórios bem elaborados, é entender as vias dos fatos de um problema. Nesse sentido, os problemas organizacionais requerem uma análise clara e objetiva, pois, imagine se uma decisão é tomada para resolver um “problema” que não é de fato o que está atrapalhando o desenvolvimento da empresa.

Assim, podemos pensar em tempo, esforços, recursos materiais e demais desperdícios que a organização poderia vir a sofrer simplesmente por não ter feito a análise correta do problema organizacional a ser solucionado. Logo, fica clara a importância também do estudo dos problemas organizacionais para que melhores estratégias sejam decididas por meio dos processos de tomada de decisão.

O que seriam os problemas organizacionais?

Problemas são vistos como desafios que podem gerar resultados negativos para a empresa e, se não forem evitados, provocar insatisfação ou danos.

Os problemas de uma organização podem ser descritos de duas formas: explícitos e implícitos, conforme veremos a seguir.

Problemas explícitos Problemas implícitos

Ocorrem de forma alarmante e com danos visíveis aos resultados da empresa e de sua operação. Por exemplo, a chegada de uma pandemia, como a pandemia da covid-19, que teve início no Brasil em março de 2020.

Os problemas explícitos, normalmente, por serem de caráter emergencial, requisitam soluções em curto prazo, portanto sua necessidade imediata de resolução aumenta o risco nos processos decisórios, pois o tempo, nesse caso, não está a favor de quem tomará a decisão com o propósito de neutralizar, solucionar e remediar o problema.

São notáveis apenas no ambiente corporativo quando diagnosticados por um profissional, sendo ele um gestor ou consultor. Como exemplo, podemos citar a desmotivação da equipe em uma empresa.

Os problemas implícitos podem proporcionar um efeito negativo ainda maior no negócio por não serem notados com facilidade e podem perdurar por um período extenso e causar danos maiores até chegar a um ponto de impossibilidade de solução. Ainda assim, por outro lado, quando os problemas implícitos são identificados por meio de uma análise estratégica, a empresa poderá solucioná-los com decisões mais planejadas.

Como se dá o processo decisório que previne a ocorrência de problemas?

Para que uma empresa consiga prever problemas ou resultados ruins, ela deve contar com um bom gerenciamento que analise periodicamente seus processos empresariais.

Antes de avançar nas formas e nos métodos de análise de processos organizacionais para identificar problemas, é necessário entender o conceito de análise de processos organizacionais e sua importância para o gerenciamento empresarial.

É um método que analisa os processos vigentes de uma organização, de modo a entender se estão sendo executados de forma eficaz para o atingimento dos objetivos e metas da empresa. Assim, avaliam-se as atividades empresariais dos setores do empreendimento para que os problemas sejam identificados ou prevenidos. Isso ocorre quando a empresa está atenta ao fato de que decisões não são exclusivamente remediadoras, mas também preventivas aos possíveis problemas organizacionais.

Existem muitas vantagens para uma empresa que adota a análise de processos organizacionais, das quais destacamos as listadas a seguir:

 Destacar os empecilhos na operação da organização.
 Buscar a causa central de problemas com o objetivo de solucionar o real problema, de modo a evitar apenas o controle de danos e consequências.
 Definir os meios para a superação dos processos com deficiência que impossibilita o alcance dos resultados da empresa.

Alguns autores enfatizam a eficácia e a eficiência dos processos decisórios nos problemas organizacionais. A seguir, entenderemos suas diferentes visões, correlacionando os dois elementos.

Eficiência

De acordo com Simon, o indicador da eficiência é o alicerce das decisões das pessoas nas empresas. Segundo ele, esse critério é o princípio inerente a todo comportamento racional. Em outras palavras, sob um panorama geral, ser eficiente trata-se da habilidade de decidir o caminho mais curto e os meios mais econômicos para atingir as metas. De tal maneira, esse pensamento acerca de como “ser eficiente” constitui uma influência organizativa sobre os membros de um empreendimento.

Eficácia

Por outro lado, ao tratar de decisão eficaz, Drucker afirma que os indivíduos responsáveis por tomar decisões eficazes têm a ciência de que o processo de tomada de decisão possui seu próprio processo sistemático e seus próprios elementos definidos claramente.

Drucker (2006) sistematiza as seis etapas dos processos, as quais estão listadas a seguir.

Clique nas abas para acessar a apresentação de cada uma.

  • 1) A classificação do problema

    É a etapa de identificar o tipo de ocorrência:

    • Se o problema é genérico, sua ocorrência é apenas um sintoma e precisa ser respondido por uma regra ou um princípio.
    • Se o problema é excepcional, sua ocorrência é rara, devendo ser tratada individualmente.
  • 2) A definição do problema

    Nesta etapa, explica-se a situação.

  • 3) As especificações das respostas ao problema

    Na etapa de especificação de respostas, definimos claramente aquilo que a decisão tem de consumar.

  • 4) A decisão

    É a etapa em que definimos o que é correto para a organização.

  • 5) A ação

    É na etapa da ação em que se cumpre a decisão.

  • 6) O feedback

    Nesta etapa, verifica-se a validade das premissas nas quais a decisão se baseou.

Entendemos, assim, que segundo o autor, para que um tomador de decisão considere que tomou uma decisão eficaz, ele precisará ter domínio das etapas apresentadas, assim como de suas aplicabilidades.

Eficácia e eficiência

Para que um gestor consiga resolver o problema com a decisão mais eficaz e eficiente possível, dois fatores são imprescindíveis: o processamento de dados e a gestão das informações.

O processamento de dados e a gestão das informações viabilizam maior esclarecimento no momento da tomada de decisão, principalmente quando ela se referir ao futuro da empresa.

Uma decisão organizacional jamais deve ser tomada por meio da informalidade ou do que se distancia do racional no contexto organizacional.

Para ilustrar essa importância, considere a situação fictícia a seguir.

O gerente de compras de uma empresa varejista de material escolar decide comprar de um fornecedor que resolveu baixar o preço da mercadoria produzida uma quantidade muito além do plano de compras daquele período do ano.

Por um lado, podemos dizer que ele enxergou uma oportunidade para a empresa, por outro lado, essa decisão poderá acarretar problemas para a saúde financeira da organização. Isso pode ocorrer caso os produtos adquiridos em grande quantidade não forem vendidos na mesma proporção, ao contrário do que o comprador da empresa pretendia. Isso gera acúmulo de estoque parado, ou seja, dinheiro da empresa mal aplicado, pois, com o passar do tempo, a mercadoria parada no estoque poderá perder valor no mercado devido à chegada de produtos similares, com características novas, que atendam às novas tendências de mercado.

Considerando o exemplo apresentado, qual teria sido exatamente o equívoco desse gerente de compras no processo decisório?

Claramente ele não tinha as informações necessárias para tomar uma decisão melhor. Os efeitos de sua decisão teriam mais chance de serem positivos se o gerente estivesse inteirado acerca dos processos organizacionais, do posicionamento de mercado, da análise estratégica, do estudo do público-alvo, das demandas e das tendências de mercado. Ele também precisaria conhecer os dados e as informações sobre o atual estoque da empresa. Dessa forma, entendemos que suposições na análise de um processo decisório não são uma alternativa racional.

Assim, concluímos que os problemas organizacionais devem ser tão bem analisados quanto as possíveis decisões que serão tomadas, sejam na vida pessoal ou na trajetória profissional.