Princípios para a tomada de decisões

Tema 2 Modelos de tomada de decisões

Diante de um problema, o que é fundamental para uma tomada de decisão mais segura?

Até aqui, entendemos que não existe uma única e mais viável forma de se tomar uma decisão: os processos decisórios contam com alguns modelos que serão aplicados de acordo com cada realidade ou circunstância empresarial.

Assim, é importante que os gestores compreendam a fundo a estrutura organizacional e os processos da operação do negócio.

Chun Wei Choo (2006) é um autor reconhecido por seus trabalhos sobre decisão nas empresas, contribuindo para os estudos acerca dos modelos de tomada de decisão, que conheceremos a partir de agora. O autor elucida que para cada modelo de tomada decisão é demandada uma forma de decisão diferente, pois sabe-se que no meio empresarial existem empresas com estruturas e problemas antagônicos.

Os modelos de tomada de decisões sugeridos por Choo são:

  • Modelo racional.
  • Modelo processual.
  • Modelo político.
  • Modelo anárquico.

Mais adiante, entenderemos melhor cada um deles.

Para chegarmos aos modelos de tomada de decisões, precisamos entender que as empresas são guiadas por objetivos, de modo que são estes os responsáveis pelo direcionamento das pessoas frente à organização.

Afinal, o que são objetivos?

Objetivos são todas as pretensões que uma pessoa cria com o desejo de ter ou alcançar a partir de suas ações, ou seja, os objetivos nada mais são do que os resultados futuros de uma pessoa ou empresa determinada a alcançá-los.

Nos processos decisórios, os objetivos são fundamentais para dar sentido ao que aquela decisão terá de ter como resultado. Portanto, as empresas devem estabelecer objetivos claros para que possam se destacar no mercado por meio das decisões tomadas e das ações para alcançá-los. Nesse sentido, muitas organizações utilizam a metodologia de metas comerciais e de rotinas administrativas e, atualmente, como guia aos processos decisórios, vêm sendo empregados os propósitos organizacionais, que são uma forma mais orgânica e humanizada de lidar com definições de objetivos.

Choo (2006) trata os objetivos como indicadores que podem ser confusos, de modo que colaboradores, equipes e setores da empresa podem se desencontrar a respeito de sua importância, acarretando ambivalência ou contradição quanto a quais objetivos a firma deve seguir. Outrossim, a incerteza que surgirá poderá interferir no trabalho dos grupos, porque as atividades e os problemas da organização são complexos e não há informações suficientemente detalhadas sobre as relações de causalidade ou com relação às abordagens mais adequadas a serem utilizadas.

A seguir, você poderá analisar o redesenho do esquema em que Choo (2006, p. 276) esclarece os quatro modelos de tomada de decisões.

Quadro: Os quatro modelos de tomada de decisões.
Fonte: Adaptado de Choo (2006, p. 276).

Para interpretar o quadro apresentado, leia com atenção o texto a seguir e retorne ao quadro para assimilar as informações.

Na primeira linha horizontal do quadro, quando a ambiguidade/conflito sobre objetivos é baixa, a decisão toma a forma da solução de um problema, sendo guiada por um conjunto claro de objetivos e preferências. Nesse aspecto, quando a ambiguidade/conflito é alta, a oportunidade e o contexto se tornam contingências importantes, com fatores como momento oportuno, influência e esforço de forma a interferir na escolha das ações ou decisões.

Por outro lado, na coluna, quando a incerteza técnica é baixa, a decisão em maioria dos casos é bem estruturada, de forma a ser guiada por regras e rotinas, e une integrante, interesses e responsabilidades bem definidas. Quando a incerteza técnica é alta, nesse aspecto, a decisão tende a ser um processo volátil, frequentemente marcado por mudanças e interrupções inesperadas.

A seguir, abordaremos cada um dos modelos, de forma detalhada.

Modelo racional

O modelo racional foi criado por Simon em 1970 e é considerado o mais sistematizado e estruturado dos modelos, pois consiste em regras e mecanismos prognosticados, que, quando devidamente seguidos, tendem a atingir os objetivos definidos.

No entanto, as organizações que adotam este tipo de modelo utilizam os Procedimentos Operacionais Padrões – POP — metodologia para aplicação e gerenciamento de processos operacionais e garantia da qualidade — para sua rotina de atividades e para as tomadas de decisões.

Um exemplo claro da utilização do modelo de decisão racional são os manuais elaborados para uma série de assuntos em uma empresa, ou o POP de um determinado setor. Esses documentos são munidos com informações que determinam a direção que os membros envolvidos podem tomar sobre cada ação. A cultura, o treinamento, o conhecimento profissional adquirido e as rotinas podem também representar o papel dos manuais escritos, pois condicionam da mesma forma as habilidades dos componentes de um processo decisório.

De acordo com Simon (1970), uma teoria das decisões organizacionais tem, rigidamente, de atenuar as ações com as características racionais da decisão. Sobre isso, destacamos o trecho a seguir:

[...] o indivíduo ou a organização que se compõe de inúmeros indivíduos, se defronta, a cada momento, com um grande número de alternativas de comportamento, algumas das quais são conscientes. A decisão, ou a escolha, tal como empregamos esse vocábulo aqui, constitui o processo pelo qual uma dessas alternativas de comportamento adequada a cada momento é selecionada e realizada. O conjunto dessas decisões que determinam o comportamento a ser exigido num dado período de tempo chama-se estratégia. (SIMON, 1970, p. 69)

De acordo com Simon (1970), uma teoria das decisões organizacionais tem, rigidamente, de atenuar as ações com as características racionais da decisão. Sobre isso, destacamos o trecho a seguir:

O modelo racional consiste em esclarecer o quanto as empresas estão completas com possibilidades advindas do grupo, ou seja, como Simon descreve, é estratégia de uma empresa levantar as alternativas e selecionar a mais conveniente à situação da empresa naquele momento.

Modelo político

Esse modelo é conhecido devido ao poder de influência dos integrantes e seus interesses que resultam em barganha no processo decisório.

Nesse caso, pode-se afirmar que as decisões tomadas dependem da proporção de poder que cada componente possui na empresa e como eles interagem na estrutura, clima e cultura organizacional.

O próprio nome já sugere que é sobre efeito político, de influência e de defesa de posições e interesses no ambiente corporativo. O maior impacto na decisão parte aquele que possui mais poder e espaço de autoridade entre os demais membros da empresa. E destacam-se os objetivos pessoais de quem está à frente da decisão, o que, em muitos casos, não contribui para o sucesso organizacional.

Sobre o modelo político defendido por Allison, destacamos o seguinte trecho de Choo (2006, p. 288), “a metáfora da tomada de decisão é um jogo em que os jogadores, partindo de suas posições de influência, fazem seus movimentos de acordo com as regras e com seu poder de barganha”.

Podemos exemplificar com a decisão de maior influência do diretor da empresa que escolheu investir na comercialização exclusiva de um novo produto e esta não foi a melhor decisão, pois o gerente comercial o tinha alertado que não haveria demanda para o novo produto, e que a melhor decisão seria aumentar a comercialização do produto que já estava tendo uma procura significativa. Logo se nota que a decisão foi tomada por poder e o resultado desse modelo não foi satisfatório.

Modelo processual

Para apresentar este modelo, destacaremos a abordagem do autor Choo (2006) que sintetiza de forma abrangente a importância do modelo processual, o qual consiste nas fases e atividades que dizem respeito a uma estrutura de caos aparente que caracteriza os processos decisórios estratégicos, proporcionando às empresas gerenciar de forma eficiente a movimentação dinâmica das rotinas e dos processos decisórios.

Como exemplo, podemos citar o processo decisório para expandir um negócio com o mínimo de gastos possíveis em um determinado período.

O modelo processual é desdobrado em três fases e três rotinas de apoio, que auxiliam a tomada de decisão, listadas a seguir.

Clique nas abas e conheça cada uma das fases.

  • Identificação

    Na fase de identificação, é reconhecida a necessidade de uma tomada de decisão na organização.

  • Desenvolvimento

    Na fase de desenvolvimento, tratamos de estabelecer alternativas para atingir o objetivo desejado.

  • Seleção

    Na fase de seleção, avaliam-se as alternativas e escolhe-se a que pode corresponder melhor ao objetivo da empresa.

Clique nas abas e conheça cada uma das rotinas de apoio (CHOO, 2006).

Modelo anárquico

Esse modelo consiste na analogia de que duas mentes pensantes geram mais saber, justamente porque nos processos decisórios as empresas passaram a tomar melhores decisões a partir da escuta de mais ideias, levando à integração de mais agentes no processo decisório. Cria-se, assim, um melhor parâmetro decisório.

Robbins (2005) foca a análise dos pontos fortes e dos pontos fracos da tomada de decisão consensual por mais de uma pessoa. O autor entende que essa dinâmica pode acarretar conflitos na defesa do que poderia ser a melhor escolha.