A linguagem como meio de expressão e interação social

Aula 2 O texto falado e o texto escrito

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A tirinha faz uma crítica ao excessivo uso da gíria “tipo”. No entanto, muitas pessoas falam assim.

E se esse mesmo texto, em vez de falado, fosse escrito? Você estranharia?

A comunicação através da fala e da escrita

Quando conversamos com alguém, vamos construindo o texto que emitimos no momento da situação comunicativa. É possível, por exemplo, dizer novamente algo que não foi bem compreendido por nosso interlocutor. Assim, o texto falado é espontâneo, não planejado. O texto escrito, ao contrário, deve ser organizado e claro, pois, normalmente, não estamos na presença do nosso interlocutor para esclarecer suas dúvidas. Além disso, é necessário que observemos a adequação da linguagem. Afinal, estranharíamos se um falante se expressasse de maneira formal em um ambiente marcado pela descontração.

Na tirinha acima, a personagem precisou reorganizar sua fala para que esta se tornasse adequada ao receptor da mensagem.

A escrita, ao contrário, é planejada. Quando escrevemos um texto, temos a oportunidade de aperfeiçoá-lo para que a mensagem seja bem compreendida, tendo em vista que, em mensagens escritas, o emissor não está presente para interagir com o receptor.

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Pelo contexto, compreendemos que o estabelecimento não atende clientes que não estejam vestindo camisa. No entanto, da forma como a mensagem foi elaborada, pode haver uma interpretação de que os funcionários do estabelecimento não trabalham sem camisa.

O texto escrito deve obedecer às normas gramaticais e apresentar:

Observe as placas e veja o que acontece quando um texto não obedece a essas normas gramaticais.

  • O texto elaborado para essa placa apresenta “falta de coesão textual”, já que a desorganização da frase sugere que o cliente ganhará uma sobrancelha.

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  • Nessa placa, o aviso apresenta “falta de coerência textual”, pois, se o estabelecimento está aberto todos os dias, não pode haver descanso semanal na terça-feira.

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Um texto falado pode ser apresentado na forma escrita, desde que a intenção do autor seja reproduzir a fala. Assim, apesar de escrito, o texto representa a oralidade.

Recursos expressivos da fala e da escrita

Como vimos anteriormente, a fala é espontânea e sofre a influência de fatores externos (extralinguísticos). Todavia, a fala pode ser enriquecida com recursos expressivos que facilitem a comunicação e possibilitem ao emissor alcançar seus objetivos.

Alguns recursos expressivos da fala são a entonação, as pausas e as expressões faciais. Quanto aos elementos linguísticos, a fala pode ser enriquecida com gírias, repetições, deslocamentos de vocábulos na frase, comparações, uso de adjetivos, diminutivos etc. O importante é que o falante compreenda quais recursos expressivos são mais adequados à situação comunicativa.

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O personagem Calvin estimula a curiosidade de Haroldo com a utilização do adjetivo “bizarra”. Em seguida, utiliza o verbo “olha” como recurso para manter a atenção de seu interlocutor. A utilização da expressão “uau”, que indica surpresa e espanto, faz com que o leitor compreenda que Calvin foi bem-sucedido ao utilizar recursos expressivos adequados à finalidade da mensagem.

Os recursos expressivos da escrita fazem parte do estudo da Estilística, que investiga a língua em sua função expressiva. Os recursos expressivos mais utilizados na escrita são as figuras de linguagem, como metáfora, metonímia, hipérbole, ironia, antítese etc.

IRACEMA - A lenda do Ceará

"Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas."

José de Alencar

José de Alencar (1829–1877), escritor brasileiro, autor da obra-prima Iracema, escrita em 1865. O texto, do movimento Romantismo, é marcado pelo uso de comparações e metáforas.

Adequação e inadequação na produção de textos

Você já compreendeu a importância da adequação vocabular na situação comunicativa, a fim de que nossa mensagem seja transmitida corretamente.

Vamos, agora, aprofundar o tema, discutindo a adequação e a inadequação na produção de textos.

O texto bem escrito deve ser claro, conciso e obedecer às normas gramaticais. No entanto, isso não é suficiente para que a mensagem seja adequada. Também é necessário que haja adequação da linguagem na produção dos textos em relação ao contexto da mensagem.

Muitas vezes, o texto elaborado não atinge seu objetivo. Isso ocorre porque ele não está adequado à situação comunicativa.

1 – Quem é o nosso destinatário?

Enviar uma mensagem com excessos de elogios a alguém que poderia nos favorecer de alguma maneira não é adequado, pois o receptor pode desconfiar da intenção do emissor.

2 – Qual a finalidade da mensagem?

Se o conteúdo da mensagem é um pedido de emprego, não se pode usar como justificativas questões de ordem pessoal, como dificuldades financeiras.

3 – Que veículo será utilizado para emitir a mensagem?

Um dos meios mais utilizados para enviar mensagens é o celular. No entanto, esse veículo exige que os textos sejam concisos e claros.

4 – Em que ambiente a mensagem é transmitida?

No local de trabalho, não é adequado marcar o churrasco de fim de semana com seus colegas.

As mensagens publicitárias têm como finalidade convencer o consumidor a adquirir um produto ou serviço. Se o texto for mal elaborado, o leitor atento perceberá a inadequação da mensagem.

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Na mensagem ao lado, a expressão “bom pra burro” pode significar “bom demais”. No entanto, ela se torna inadequada por estar associada ao dicionário, criando uma ambiguidade que induz o leitor a compreender que o livro deve ser utilizado por pessoas com pouca inteligência.