O estudo da Anatomia só é aplicado em cadáveres?
Introdução à Anatomia: fundamentos da construção corpórea
Tema 2 Ramos da anatomia e nomenclatura anatômica
A Anatomia é a ciência que estuda a constituição corpórea animal em relação à sua morfofisiologia. Essa ciência tem caráter comparativo e, para facilitar o estudo, adota um padrão pelo qual são realizadas as comparações com as demais espécies animais.
Alcmeon (500 a.C)
Etimologicamente, a palavra anatomia deriva do grego:
ANA = em partes
TENMEN/ TOMÉ = cortar, separar.

O modelo padrão para estudo anatômico em Medicina Veterinária é o cavalo.
Devido ao avanço dos estudos morfológicos e com a expansão do objetivo da ciência, preconizou-se dividir a Anatomia em ramos, permitindo enfoques à determinada área do conhecimento. Com o advento do microscópio, foi possível estudar detalhes diminutos dos organismos, antes desconhecidos. Isto dividiu a Anatomia em:
- Macroscópica ou propriamente dita.
- Microscópica ou histologia.
A partir de então, surgiram novos ramos de acordo com a necessidade criada devido a novos conhecimentos. Os ramos que atualmente compõem Anatomia são:
- Citologia
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Ciência que estuda a estrutura da célula e das partículas subcelulares. Ramo fundamental no estudo da biologia celular.
- Histologia
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Parte da ciência que estuda a configuração microscópica dos tecidos que formam os órgãos.
- Embriologia ou morfologia do desenvolvimento
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Ocupa-se em descrever desde o desenvolvimento embrionário até o desenvolvimento total do indivíduo (ontogênese).
- Anatomia sistêmica
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Destina-se ao estudo dos diferentes sistemas que compõem o corpo, ou seja, estuda os diferentes componentes anatômicos que desempenham uma função comum.
- Anatomia topográfica
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Fundamenta-se no estudo e na descrição de um órgão, sua localização e interação com estruturas vizinhas que compõem o ser.
- Anatomia comparada
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Ocupa-se em descrever e comparar as estruturas de diferentes espécies, relatando suas semelhanças e diferenças a fim de estabelecer um padrão.
- Anatomia radiológica
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Estudo da anatomia em seres vivos ou em cadáveres por meio de emissões de raios X.
- Anatomia seccional
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Estudo da anatomia a partir de imagens para determinar um diagnóstico. Está relacionada a exames complementares de imagens como ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e até mesmo radiografia. É uma nova direção de pesquisa e ensino no âmbito da Medicina Veterinária e necessita de amplo conhecimento de anatomia sistêmica e topográfica.
Para o estudo da anatomia, são utilizados três métodos principais:
- Método sistemático.
- Método topográfico.
- Método aplicado.
No método sistemático, o corpo é abordado a partir de sistemas ou de aparelhos que são semelhantes em origem, estruturas e se relacionam para desempenharem uma mesma função. A anatomia sistemática divide-se em:
- Osteologia
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Descrição completa do esqueleto (ossos e cartilagens), que tem por função apoiar e proteger as partes macias do corpo.
- Sindesmologia
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Estudo e descrição das junturas ou articulações, que têm por funções dar mobilidade aos segmentos dos ossos rígidos e mantê-los unidos pelos ligamentos.
- Miologia
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Estudos dos músculos e seus anexos, constituindo-se a parte ativa do movimento.
- Esplancnologia
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Descrição das vísceras que compõem os aparelhos digestório, respiratório, urogenital, o peritônio e as glândulas endócrinas.
- Angiologia
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Estudo das estruturas responsáveis pela circulação (coração, artérias, veias, vasos linfáticos e o baço).
- Neurologia
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Estudo morfofisiológico dos componentes anatômicos do sistema nervoso e sua função de coordenar e controlar todos os outros do corpo.
- Órgãos dos sentidos
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Estuda os órgãos que fazem com que o indivíduo interaja com o ambiente.
- Tegumento comum
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Estuda a pele, suas modificações e anexos. É parte essencial para termorregulação, voltado para as sensações e com poderes limitados de excreção e absorção.
No método topográfico, o foco encontra-se em determinada área do corpo. Seu objetivo é estudar o conjunto de todos os órgãos e estruturas que ali se interrelacionam.
Já o método aplicado visa à aplicação prática da anatomia na rotina médica veterinária: clínica, cirúrgica, anestesiologia, semiologia e em exames de imagens.
Vamos conhecer agora a Nomenclatura Anatômica Veterinária.
Devido aos numerosos estudos acerca da Anatomia, até meados de 1895 não havia consenso em relação à nomenclatura anatômica humana e animal. Cada país utilizava os termos regionais. O marco histórico na terminologia da Anatomia Veterinária foi o estabelecimento do Comitê Internacional para Nomenclatura em Anatomia Veterinária, formado por ilustres anatomistas veterinários, baseado no Comitê Internacional para Nomenclatura em Anatomia Humana, estabelecendo assim uma linguagem própria à anatomia animal e lançando a primeira edição da Nomina Anatômica Veterinária (N. A. V.) em Viena, em meados de 1968.
Saiba mais
O Comitê Internacional para Nomenclatura em Anatomia Veterinária tem por objetivo padronizar e atualizar mundialmente os termos empregados na Medicina Veterinária, visando designar as partes do organismo animal.
Essa nomenclatura é baseada em princípios básicos:
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1
Cada componente anatômico, com limitado número de exceções, é designado por um único termo.
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2
Os termos, na lista oficial, são escritos em latim, mas os anatomistas de cada país têm a liberdade de traduzi-los para suas respectivas línguas.
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3
Cada termo deve ser o mais curto e simples possível.
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4
Os termos devem ser fáceis de serem lembrados e devem também, antes de tudo, possuir valor instrutivo e descritivo.
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5
As estruturas intimamente relacionadas do ponto de vista topográfico devem possuir nomes semelhantes. Exemplo: artéria femoral, veia femoral e nervo femoral.
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6
As palavras utilizadas para diferenciar devem ser opostas, como maior e menor, superficial e profundo etc.
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7
Não devem ser utilizadas palavras oriundas de nomes próprios (epônimos). Esses termos estão sendo substituídos, a exemplo da tuba uterina, em vez de trompa de Falópio.
Atualmente, a Nomina Anatômica em vigor é a sexta edição, atualizada em 2017.
Para aprofundar o seu conhecimento, acesse Minha Biblioteca e leia:
- KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. (p.05) ISBN: 9788582712993
- BUDRAS, Klaus-Dieter.; MCCARTHY, Patrick. H.; HOROWITZ, Aaron.; BERG, Rolf. Anatomia do Cão: Texto e Atlas. Editora Manole, 2012. (p.01) ISBN: 9788520447529.