Introdução à Anatomia: fundamentos da construção corpórea

Tema 3 Divisão do corpo, posição, planos e eixos, termos indicativos e direção e posição

Por que determinar uma posição para estudo e para divisão anatômica animal?

Divisão do corpo

O corpo do animal é dividido em cinco partes distintas:

  • Cabeça, que compreende a face e o crânio.
  • Pescoço.
  • Tronco, que compreende três segmentos: tórax, abdômen e pelve.
  • Membros torácicos ou anteriores e pélvicos ou posteriores.
  • Cauda.

Cada membro é fixado ao corpo a partir de uma raiz ou cíngulo. O membro torácico dos mamíferos domésticos é fixado ao tórax a partir de cintura/cíngulo/raiz escapular, que compreende o ombro do animal. A parte livre é dividida em braço, cotovelo, antebraço e mão. No membro pélvico, a raiz é representada pelo coxal (quadril) e a parte livre compreende coxa, joelho, perna e pé.

Posição anatômica

Para evitar variações na descrição topográfica do corpo do animal e para que a posição e a direção sejam indicadas de forma precisa, estabeleceu-se que a posição de leitura deve ser a posição quadrúpede normal do animal, ou seja, o animal deve estar:

  • De pé, com os quatros membros estendidos e firmemente apoiados ao solo.
  • A cabeça ereta, com as narinas e voltadas para a frente, os olhos para o horizonte e o pescoço estendido, sem dobrar, formando um ângulo de 145º entre o tronco e a cabeça.

Planos e eixos

Independentemente de onde esteja o animal — seja em uma mesa cirúrgica ou em uma sala para exame radiológico —, os termos utilizados para delimitá-los serão os mesmos. Tomando-se o cavalo como exemplo: na posição de descrição anatômica, excluindo os membros, seu corpo é delimitado por seis planos imaginários, formando um paralelepípedo. Esses planos são chamados de planos de delimitação.

Os planos que tocam a superfície corpo do animal, são:

  • Plano ventral

    Plano horizontal, voltado para o ventre (abdome) do animal em direção ao solo. Todo componente anatômico voltado para esse plano receberá terminologia em relação à posição como ventral.

  • Plano dorsal

    Plano horizontal, que delimita o dorso (costas) do animal, contrário ao plano ventral. Toda estrutura que se aproxima desse plano será dorsal.

  • Plano lateral (direito e esquerdo)

    Dois planos verticais, que tangenciam cada lado do animal. Toda estrutura anatômica que se aproxima desses planos serão designadas como laterais.

  • Plano cranial

    Plano vertical, que está à frente do animal. É o plano voltado para a cabeça do animal. Assim, toda estrutura que se aproxima desse plano será cranial, exceto para estruturas localizadas na cabeça voltadas para o focinho do animal – para essas estruturas utiliza-se a terminologia rostral.

  • Plano caudal

    Plano vertical oposto ao plano cranial ou rostral, voltado para a cauda do animal. Toda estrutura que estiver próxima deste plano será caudal.

Os eixos servem de referências para a posição de órgãos no corpo do animal, compreendem três linhas imaginárias:

  • Eixo craniocaudal

    Linha que conecta dois pontos ao centro do corpo, um situado na diagonal do plano cranial e outro na diagonal do plano caudal. É um eixo longitudinal, que compreende o comprimento.

  • Eixo doso ventral

    Linha que conecta dois pontos, um localizado no plano dorsal e outro no plano ventral. É um eixo vertical (sagital), que compreende a altura.

  • Eixo laterolateral

    Linha que conecta dois pontos localizados em cada lado do plano lateral (direito e esquerdo). É um eixo transversal, que compreende a largura.

Os planos de secção ou de construção corpórea, como o nome já diz, são aqueles que vão cortar o corpo do animal.

  • Plano mediano

    Plano que divide o corpo em duas metades semelhantes, direita e esquerda. Este plano induz o princípio da antimeria.

  • Plano sagital

    Plano paralelo ao plano mediano.

  • Plano paramediano

    Plano sagital, que está mais próximo ao plano mediano.

  • Plano transversal

    Plano que divide o corpo do animal em uma parte cranial e outra caudal. Esse plano induz o princípio da metameria, que corresponde a uma sequência de planos paralelos ao plano transversal.

  • Plano frontal ou dorsal

    Plano que divide o corpo em duas porções semelhantes, dorsal e ventral. Esse plano induz ao princípio da paquimeria.

Termos indicativos de posição e direção

Os termos indicativos de posição e direção são baseados de acordo com os planos e eixos e são utilizados para facilitar a descrição dos diferentes componentes anatômicos, fazendo comparação com figuras geométricas (paralelepípedo).

Analisando um órgão ou estrutura, suas faces, bordas, extremidades, margens ou ângulos em determinada posição topográfica, temos:

  • Medial

    É a face de um órgão ou estrutura que está voltada para o plano mediano.

  • Lateral

    É a face de um órgão ou estrutura que está afastada desse plano mediano, voltada para o plano lateral.

  • Dorsal

    É a face de um órgão ou estrutura que está voltada para o plano dorsal.

  • Ventral

    É a face de um órgão ou estrutura que está oposta ao plano dorsal, isto é, o que se aproxima do plano ventral.

  • Plano sagital

    O plano sagital está relacionado aos planos que são paralelos ao plano mediano.

  • Mediano

    Utilizamos o termo “mediano” para os órgãos ou estruturas que ficam no nível do plano sagital, a exemplo das vértebras.

  • Intermédio

    Emprega-se o termo “intermédio” para uma estrutura que ocupa posição intermediária entre um órgão ou estrutura que é medial e outra que é lateral.

  • Cranial

    Ao estudar um órgão, uma face ou estrutura que está voltada para o plano cranial (direcionada à cabeça), dizemos que ela é cranial — exceto para estruturas localizadas na cabeça (para estas, utilizamos o termo “rostral”).

  • Caudal

    O termo caudal é utilizado para designar uma face ou estrutura ou órgão que está voltado para o plano caudal.

Ainda inseridos nesse contexto topográfico, vamos conhecer alguns termos indicativos, que, por conceito, se opõem.

  • Plantar e palmar

    Quando falamos da mão ou do pé, o termo “ventral” é substituído por “palmar” e “plantar”, respectivamente.

  • Interno e externo

    Utilizamos os termos “interno” e “externo” para órgão ou estruturas localizadas dentro de uma cavidade — este adjetivo indica que suas faces estão voltadas para o interior ou exterior da cavidade.

  • Superficial e profundo

    As expressões “superficial” ou “profundo” são utilizadas para indicar a posição em órgãos ou regiões que estejam mais próximos ou afastados da superfície estudada. Esses termos são muito utilizados no estudo de vasos ou órgãos ocos, a exemplo da vesícula urinária. À camada que está entre as faces superficial e profunda, nomeamos como média.

  • Proximal e distal

    Ao estudar órgãos apendiculares, considerando como referência sua raiz (parte que fixa o membro ao tronco), empregamos os termos “proximal” para o segmento que se aproxima da raiz e “distal” para o segmento que se afasta. Um exemplo é o membro torácico, em que a raiz é a escapula (ombro); então, o úmero (braço) é proximal à escapula, quando o comparamos ao rádio e à ulna (antebraço) fica distal.

  • Axial e abaxial

    Para as espécies cujo eixo funcional do corpo passa ente o dedo III e IV, a exemplo dos ruminantes (boi, vaca, bode, cabra, carneiro e ovelha) e suínos (porcos), são utilizados os termos “axial” para a face do dedo voltada para o eixo e o termo “abaxial” para a face oposta a esse eixo.

  • Superior e inferior

    Os termos “superior” e “inferior” são amplamente aplicados em anatomia humana. Em anatomia veterinária esses termos são utilizados principalmente para algumas estruturas localizadas na cabeça, a exemplo de pálpebras e lábios, substituindo os termos “dorsal” e “ventral”.

Para aprofundar o seu conhecimento acerca dos assuntos abordados, acesse Minha Biblioteca e leia:

  • BUDRAS, Klaus-Dieter.; MCCARTHY, Patrick. H.; HOROWITZ, Aaron.; BERG, Rolf. Anatomia do Cão: Texto e Atlas. Editora Manole, 2012. (p.02 – 03) ISBN: 9788520447529.
  • HONORATO, A.; SIMÕES, R. R. Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019. (p.24 – 27) ISBN: 9788595028760
  • KONIG, H. E. LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. (p.05) ISBN: 9788582712993
Vídeo

Para saber mais sobre o tema, assista agora ao vídeo: Por que e como estudar Anatomia.